Fuga
No quarto embaralhado, se acomoda
a lavanda talhada pelos corpos
Assinalo as entradas da sua fuga
Os trincos na sua luz
acompanham
meu estudo rítmico
E podada a lua da moça,
entrevo o violino
no movimento dos astros
Atelier
Trabalho um quadro dela
Não há pincéis, tempo ou esboço
Tampouco ela repara
Também não lhe darei de presente esta obra,
provisória como todas
Mas há luz!
Destaque-se a porcelana das pernas
A cabeça em pose de girafa
Os seios avançam sobre a hora do rush
Meus olhos pintam inutilmente
(Lagartixa – Revista de Poesia, inverno de 2003.)
Por Pedro Marques
31 jul. 2010