Poeira de aldeia
2.
Sobre o chão das ruas não circulam bicicletas
nem o girar de rodas mecânicas ameaça
a manhã oblíqua.
Os pressentimentos crescem rente aos ossos
os medos ganham o correr dos muros
junto aos amigos.
Eu imagino (por livre imaginar)
que numa das casas próximas
banhada em sol
mora um fabricante de bonecas.
Concebo o homem e suas criaturas
a desfiarem intimidades
no fim da tarde.
Bonecas tocadas em nudez de porcelana.
*Fernando Paixão_1955-_Poeira_2001