26º poema da semana | 15ago2012

Poeira de aldeia

2.

Sobre o chão das ruas não circulam bicicletas
nem o girar de rodas mecânicas ameaça
a manhã oblíqua.
Os pressentimentos crescem rente aos ossos
os medos ganham o correr dos muros
junto aos amigos.

Eu imagino (por livre imaginar)
que numa das casas próximas
banhada em sol
mora um fabricante de bonecas.

Concebo o homem e suas criaturas
a desfiarem intimidades
no fim da tarde.

Bonecas tocadas em nudez de porcelana.

*Fernando Paixão_1955-_Poeira_2001