Se a poesia te morder
Se a poesia te morder,
deixa a infecção tomar conta,
as veias se intumescerem.
Não aceita a marca de estigma,
ou a máscara da insanidade,
não pactua com o mundo.
Da terra que é teu corpo
virão os frutos para te saciar a fome.
Mas se ela vier balançando a cauda,
pega um pau e bate,
aperta-a num canto,
cospe nela
e, se ainda assim não morder,
não é a poesia
e não estás condenado.
*Francisco Bittencourt_1933-1997_A vida inédita_1995