Em línguas vernáculas, o soneto é forma complexa de se dominar e manejar. Poder de síntese filosófica e grade métrica fixa dão fascínio e temor. Para alguns, a solitária escura, gelada. Para outros, o tabuleiro ideal para lances engenhosos. Goste ou não desse prédio de catorze versos, o soneto gerou explosões em português, espanhol, italiano ou inglês. Quem é chegado em lírica, sobretudo quem a estuda, não pode esterçar das flores e feridas brotadas em sonetos. Tratados e estudos nem sempre dedicam páginas suficientes a sua dificuldade artística. Sem problemas, Glauco Mattoso, dos sonetistas mais inventivos e volumosos da língua, propõe aqui uma Teoria do Soneto. O material é rigoroso sem ser pretencioso. É claro sem perder tempo com modismos teóricos. É generoso, ainda, ao disponibilizar farto número de sonetos de várias épocas, de artífices centrais (Luís de Camões e Vinícius de Morais) a pouco conhecidos (Luís Delfino e Eno Teodoro Wanke). Leitura fatal para quem é alucinado por entender e/ou escrever sonetos. Até onde sei, é livro virtual, jamais saiu em papel.
http://www.elsonfroes.com.br/sonetario/teoria.htm
Por Pedro Marques
29 abr. 2015