Quadras
Nas quadras dessa cidade
a multidão arredonda
um-cem-mil gritos num só
e tiro algum vence a onda
Nas quadras dessa cidade
um vasto lençol de gente
cobre lobões e ratinhos,
os medrosos dessa enchente
Nas quadras dessa cidade
povo esmerilha destino,
enfaixa o descaso aos berros:
“Eu me mando! Eu me amotino!”
Nas quadras dessa cidade
a mídia dança de quatro,
os partidos repartidos
vão de plateia no teatro
Nas quadras dessa cidade
o verso nervoso entorta
a paz enquadrada a gás
– que governo me comporta?
(Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos, Fabiano Calixto (Org.), Brasil, junho de 2013. On-line: http://www.salamalandro.redezero.org/wp-content/uploads/2013/06/VINAGRE_UMA-ANTOLOGIA-DE-POETAS-NEOBARRACOS_2ed_junho2013.pdf )
Por Pedro Marques
23 set. 2013