carta escarlate
Então tu me tomarias nas mãos masculinas e me devorarias bruto e sem qualquer poesia como se diante de uma prostitutazinha inominada. Em nossa cama quererias outras mulheres e outros homens de rostos púberes para assistirem ao espetáculo. Meu corpo humilhado, meu sangue caindo entre as pernas quase bonitas, meu grito surdo, minhas mãos suplicantes, teus olhos autistas e teu prazer de estivador. Dormirias consecutivo o sono dos justos enquanto eu, continente emproada, recolheria os cacos cheirosos da minha menarca desfiados no chão de madeira velha.
*Juliana Amaral_1973-_Transitivos – As Cartas Ridículas_2011