Urano
Olho para o céu
Não vejo apenas nuvens
Existe um véu azul
que me protege
vejo formas fofas
figuras amorfas
diferenciadas
de querubins
Olho para o céu
Lembro um sonho infantil
Voando sem asas
pelo hiperespaço
Sentindo faíscas
de cor e de luz
Olho para o céu
saudades das naves
de outras viagens
diversas paragens
Às vezes, sou pena
Deslize de poeira
Passear entre estrelas
Passar por caminhos
Inusitados em mim
Olho para o céu
Percebo meu reflexo
No espelho pardo e vermelho
Sob um manto ao sul
Nele vejo e ardo
Escorrego nos espaços
Metálicos sem aços
Corpos brilhantes sem pus
Olho para o céu
E seres generosos
Esperam muito de mim
Todos me ensinam
que jamais estou só
Nem das estrelas sou pó
Sou mais que um enfim
Olho para o céu
espero minha vez e momento
dura um instante
passa o tempo
Apesar de ar não é leve
Sinto dores e tristezas
Aguardo promessas,
sem retorno
Desejo felizes
reencontros
Vejo amor
Sinto calor
Toco a dor de Gaia
Encontro no centro de mim
Quero ir
mas aqui continuo
o preparo demanda tempo
a ansiedade me prejudica
Medito, sento na terra
é longa a espera
mas passa sem erro
no espaço desloco
sem corpo em foco
matizes de cores
embalada de amores
Por fim eu me encontro
*Sílvia Ferreira Lima_1964-_O livro das estrelas_2023