(…)
golpeado, joaquim trovão
não existe mais. morto no
solo seco do chão de terra.
seu corpo junto ao barro
de nanã dos excluídos dos
limas. os filhos em volta
y os gritos de uma maria
que viveu sem voz_ morre
o cangaceiro, de chapéu y
capa, das serras de minas.
sem direito, sem história,
sem memória, não dança,
nem luta ao redor do fogo,
que agora é cinza no chão.
kawó kawó, o rei morto
de uma oyó marginal.
um corpo
caído
mergulhado
na enxurrada
de uma
chuva jamais
vista ali.
raio
trovão
medo
dor.
maria y
cinco filhos.
outras
marias
y outros filhos.
uma faca suja de
sangue ao lado.
não era prata,
não era nobre.
(…)
*Leonardo Vieira (Léo)_1994-_Reza_2020