Na pausa da tarde
não se pode ouvir a flauta doce
o congestionamento tem voz própria
e pele cinza, encobre o sol
A senhora oxigenada, ao parar no farol
verifica as travas da porta e faz subir o vidro
Não se esconde da violência (ela encontra a todos)
a senhora foge é da piscadela da miséria
de rosto sem maquiagem e sujo
com as raízes expostas e unhas descuidadas
Alheio a tudo, o poeta de olhar sóbrio conversa
com elevadores e alecrins
O morador de rua recolhe um toco de charuto,
que ainda aceso, descansa legítimo e só
entre o canteiro da avenida e a sarjeta
*Fabiano Fernandes Garcez_1976-_Em meio aos ruídos urbanos_2016