62º Poema da Semana | 21mai2013

Ritual

III

Tuas juntas premidas esperam meu chicote.
Dorso de lua e lábio de noz-moscada.
Entro com todos meus dedos nessa selva.
A vela queima e a cicatriz exala.
O gozo escorre ad infinitum pela treva.
O punhal lacera a presa, guincha e bale.
De quatro e contrita, cordeira.
Agni, atravesso-te com mil sabres.
Acaricio a vértebra, sopro a tarde.
Feliz o orifício se abre à minha língua.
A verdade do amor é luz selvagem.
Vândalos desta catedral da carne,
Só a total difamação nos enobrece.
Vem, dá-me tua face e eu me afogo.
Calunio tua chaga com meu verbo
E no prazer desta dor eu me demoro.
Além da loucura só uma coisa rogo,
Além de te matar só uma coisa peço:
Unamos nosso sangue numa taça
Brindemos sangue e esperma em uma prece.
Assim a extinção do corpo louva o eterno
E eu purifico tua alma com meu sexo.

*Rodrigo Petrônio_1975-_Venho de um País Selvagem_2009