53º Poema da Semana | 19mar2013

 

No silêncio de minha mulher,
todos os quartos estão ocupados.
Mais entendo quando menos sei
da nudez dela.
Um tabuleiro onde posso suspender
uma jogada anos a fio
e retomar a sequência mesmo longe.

Agrada-me repousar em seu pescoço
e repetir o gesto do primeiro dia de aula,
cheirando o caderno novo.
Os cabelos de fruta furtada
dariam para faiscar um bosque.
Queimo com a respiração
a cintura, caroço
que jamais devolverei à terra.

Arrumo o que fazer
para chegar de noite e contar para ela.
Quando não tenho o que dizer,
invento. Não desperdiço sua atenção.

*Carpinejar_1972-_Livro de visitas_2005