No Comprimento das Tintas
Modelar o cinza
o cinza em seu acorde baixo e negro
a ferrugem carregada nas unhas
o aço inoxidável adestrando o nervo
a fome, sempre ela, chão mas amorosa
Remodelar o telhado
a respiração encosta suas telhas brutas
sobre o azul pedra, sem peso sem altura
só então, para melhor sentir o cinza
remodelar o sustento ao estalo do extravio
Nenhum reforço tropeça a palavra chão
nenhum desabrigo contorna a arena vida
o azul, mantido nos cardumes, é ainda
solitário – avesso de madrugadas e sonhos
*Marco Aqueiva_1966-_O azul versus o cinza_2012