285º Poema da Semana | 18out2021

o cego poeira

(…)
o cego poeira não era mais um era o cego que
fez do meu ouvido um ninho para três acordes e
cinco notas solares

negro
negro
negro

sua música era a noite como noite os seus
dias e olhos levemente azulados causavam
um estranhamento eram olhos mortos e o
azulamento ganhava um tom esbranquiçado em
que a negritude parecia mais negra como negra
era a sua voz a sua música e a batida do seu
violão de mil mão
(…)

*Cida Pedrosa_1963-_Solo para vialejo_2019