270º Poema da Semana | 17mai2021

(…)

golpeado, joaquim trovão
não existe mais. morto no
solo seco do chão de terra.
seu corpo junto ao barro
de nanã dos excluídos dos
limas. os filhos em volta
y os gritos de uma maria
que viveu sem voz_ morre
o cangaceiro, de chapéu y
capa, das serras de minas.
sem direito, sem história,
sem memória, não dança,
nem luta ao redor do fogo,
que agora é cinza no chão.
kawó kawó, o rei morto
de uma oyó marginal.

um corpo
caído
mergulhado
na enxurrada
de uma
chuva jamais
vista ali.
raio
trovão
medo
dor.
maria y
cinco filhos.
outras
marias
y outros filhos.

uma faca suja de
sangue ao lado.
não era prata,
não era nobre.

(…)

*Leonardo Vieira (Léo)_1994-_Reza_2020