253º Poema da Semana | 11jan2021

As leis do Sol

Em retrospectiva minhas ações
parecem tão ridículas.
Por que fiz aquilo? Por quê?

Os fantasmas do natal passado
se regozijam em volta
do velho urso da alma.

Como ele acorda raivoso
e só encontra a mim,
suas garras me dilaceram

e vendo minhas cobertas ensanguentadas,
pondero se esta longa noite
ainda se conforma às leis do sol.

Ao fechar meus olhos –
o urso e os fantasmas –
a solidez das formas se dissolve.

Deixando a série de coisas sem nome
que erram famintas no interior de uma ilha
côncava no meu umbigo, me calo
e mastigo minha carcaça,
enquanto aspiro ser ninguém.

*Marcelo Augusto Boujikian_1990-_Correntes_2020