243º Poema da Semana | 13abr2020

Três

IV.

Amargo
o amargo.
Espero
o esperado.
Prevejo
o previsível.
Deito
na cama
desfeita.
Pressiono
meu sexo
contra a maciez
do colchão
de uma cama vaga.
Imagino
o que segue.
Me agrido
com imagens
que evoco.
Trocas.
Jogos
de interesses
diversos.
Diversões.
Meu desejo
de ódio
lateja.
Movimento
de forma cadenciada
em busca
de um instante de breve prazer
intangível.
Copulo
com o meu vazio.
Simulo
o sexo
que quero vencer.
Me fodo.
Verto
sêmen
como se fosse
lágrima.
Choro
por um órgão
reprodutor
infecundo.
Adormeço
sobre a poça
que era tão quente
e agora
esfria.

*Lourenço Mutarelli_1964-_O natimorto_2004