192º Poema da Semana | 14fev2018

Noite

o menino viu sair
da boca da mulher,

talvez sua mãe,
uma voz estrídula

e lábil, que logo
desandou, em

cadência de
sonho, a quê?

– a enumerar
desastres já

ocorridos e por
ocorrer,

a fecundar harpias,
a frisar as marcas

da passagem da
pantera pelo

quarto, a aturdir
relógios, a

enegrecer
o sol, e outras mais

de tais
proezas.

*Ricardo Aleixo_1960-_Modelos vivos_2010