123º Poema da Semana | 02dez2014

O poeta vai para o monastério

B-

derramo o leite no
chão de propósito,
firo,
furo os dedos
no garfo,
quero tanto
agradar e intuo
que Deus aprecia
desperdícios; assim
deslocado
como um peixe
n’água, olho
continuamente para
o teto à procura
das câmeras que
tornem oficial
meu protagonismo
nesta história,
pela manhã
o primeiro sussurro
sendo HOMEM
AO MAR HOMEM
AO MAR e só hoje
entendo minha
mãe gritando após
as surras “não
me venha
com esta
cara de Maria
Madalena
arrependida”;
ah o martírio
rosa de jamais
ter filhos que eu
possa chamar de
Abel
Rocamadour
Luke Skywalker

*Ricardo Domeneck_1977-_Sons: Arranjo: Garganta_2009